terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Reescrita

Num dos livros que estamos a ler: "Histórias com Regaço", Álvaro Magalhães conta "As Histórias do Lápis Verde" e faz um texto de introdução que fala assim:

"Sinto a obrigação de vos dizer, antes de mais, que, embora estas histórias levem o meu nome, foram escritas, como dizer?, contra a minha vontade. Sim, é verdade.

Quem as escreveu foi um lápis verde que não sei como veio parar à minha mão. Para ele, o que eu digo não se escreve, só o que ele quer escrever. Estão a ver?.

“Isso não, já é muito visto. E se fosse antes assim ou assado”, diz ele quando começo uma história, e começa a levar-me para outro lado. “Olha, por que não contas uma história sobre um esqueleto que não gostava de estar quieto, e outra sobre um pé de milho e um pé de feijão que arranjaram uma certa confusão e outra ainda sobre um homem que engoliu um hipopótamo que lhe estava a fazer sombra?”.

“Pode ser”, digo eu a certa altura, já farto de o aturar. Antes, isso irritava-me. Ficava verde. Como ele. Agora não, afio-o bem afiado e deixo-o ir. Não estou para me incomodar. Ah, e sabe tão bem, escrever uma história que não tenho de escrever, digo-vos eu que já escrevi mais de mil. Seguro-o na mão e ele escreve sem parar numa letra miudinha, bem desenhada, num caderno na capa azul com o desenho de um gato no meio. Era um caderno tão bom e já está cheio."



Pareceu-nos que poderíamos tentar realizar uma reescrita deste texto, (ainda antes de ler as histórias que o lápis verde escreveu e de saber porque é que o esqueleto não gostava de estar quieto, ou qual a confusão entre o pé de milho e o pé de feijão, ou da forma com o o homem engoliu o hipopótamo) sob a forma de quadras, aproveitando algumas "dicas" para rima, com que o autor perece brincar e criando outras.


Foram escritas, ficais a saber!
Contra a minha vontade
Histórias para não esquecer,
Em meu nome, na verdade.

(Francisco, com revisão colectiva CSC14)

O lápis verde é que escreveu
E cansou a minha mão.
Foi assim que fiquei eu,
A tentar dizer que não.

(Catarina, com revisão colectiva CSC14)


Quando começo a escrever
Ele empurra-me para o lado.
– Isso não! É muito visto!
– Se fosse assim? Ou assado?

(Catarina e Francisco, com recomposição e revisão colectiva CSC14

Sem comentários:

Enviar um comentário